Faz quase cinco anos desde que eu fui diagnosticada com síndrome do pânico. Cinco anos desde a primeira crise, presa na própria mente, em um pesadelo do qual não conseguia sair.

A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade em que ocorrem, frequentemente, crises de desespero e medo intenso de que algo ruim vá acontecer. Só descobri a definição quando realmente “peguei” essa doença.

Ir para o psiquiatra e ao terapeuta, tomar remédios, falar da sua vida para um estranho, eu achava que isso era coisa de louco. Parecia surreal, algo que não deveria existir, que não deveria estar acontecendo comigo, e com ninguém.

Gostaria de dizer que não mudei minha vida por causa dela, que continuei vivendo normalmente, mas, infelizmente, tudo mudou. Eu já era meio antissocial, não gostava de sair, só de falar sobre isso me deixava ansiosa.

Algumas vezes estava bem, conversando com minhas amigas e de repente batia aquele sentimento horrível que estragava o resto do dia, ás vezes podia durar por muitos dias. Cada crise é diferente, mas todas são horríveis. Vem que nem um tsunami: de repente, e destruindo tudo em seu caminho.

Começava com uma ansiedade, um medo. Medo de que? De nada… de tudo. Medo de passar mal, que é o que te faz passar mal. E as pessoas diziam para não pensar nisso, se distrair com algo. Mais fácil falar do que fazer.

Há dois jeitos de lidar com a crise: fingir que não esta acontecendo, o que piora ainda mais, ou admitir o que esta por vir: aquela onda de emoções que se te perguntarem você não sabe dizer o que é, porque, realmente, você não sabe o que está sentindo.

Geralmente, essas emoções são acompanhadas por aquela falta de ar ‘‘básica”, uma tonturinha de leve e aquela ânsia de vomito que já está até familiarizada, chega como se fosse de casa.

Também tem as crises de ansiedade “maravilhosas” que todo mundo já teve um dia ou vai ter, e tem como sintoma aquela tremedeira na perna que quando começa é difícil de parar; e aquele sentimento de tremor interno o tempo todo. Ah, o temor…

É, síndrome do pânico, faz quatro anos que você entrou na minha vida. Já tive amizades que duraram menos que deveriam ter durado mais. Acho que seu tempo na minha vida já passou, os demônios que você trouxe estão cansados da mesma rotina, as correntes nos meus pulsos já não incomodam tanto, seus xingamentos não me afetam tanto quanto antes.

Nosso tempo juntas me ensinou muita coisa, mas está na hora de ir, quero seguir em frente com a minha vida. A porta esta aberta, por favor, minha velha amiga, pegue seus pertences e vá embora, e nunca mais volte…

 

E ela foi.

9 Responses
  1. Walace Souza

    Coisa boa saber que ela se foi! 🙂
    Finalzinho de 2016 estávamos juntos por aqui, ela insistente e insossa. Caminho parecido com o teu e antes que 2018 tivesse chegado eu já tinha o exorcismo exato para a incoveniente visita.

    Obrigado pela partilha! Que esse testemunho chegue a tantas outras pessoas e as faça RESPIRAR em paz <3

  2. Edilaine Cristina de Campos Faria

    Gi, vc é uma guerreira, parabéns pela sua atitude, sua coragem. Achei muito belo ver que você enfrentou o inimigo e lhe deu uma ordem, um comando, você é linda, tem um Deus muito maior que qualquer problema que surgir no seu caminho. Deus te abençoe sempre 😘

  3. Ana Elizabeth

    Eu tive quando criança e foi horrivel, a minha foi gerada pela quase morte de minha mãe num acidente em que eu estava no carro. Eu criei o pensamento que se em qualquer momento que eu me separasse dela, ela iria embora para sempre. Eu vivia constantemente com o medo de perder minha mãe de vista. Nao conseguia ir pra escola, pq minha mae tinha q esta 24 hrs comigo. Não brincava mais, nao saia mais sem ela. Vivia no psicologo, ate que depois de alguns anos ela se fooi…mas ainda tenho crises de ansiedade, e um certo medo que me persegue, mas não como antigamente.

  4. F.L.S.

    Dentre inúmeras pesquisas do Google cheguei aqui, emocionado e buscando notícias boas sobre a querida síndrome do pânico… E estou aqui diante deste BELO texto, tocante e inspirador para me A-C-A-L-M-A-R às 02:20 AM. Conheci além dos livros a dita síndrome do pânico, pois sou profissional da saúde, num momento “calmo” e diferente da minha vida; mas ela chegou e entrou sem bater na porta. Entrou, bagunçou e está sentada na minha cama, lembrando-me de sentir todos os incômodos que sua presença provoca. Estou no início do tratamento psicológico e psiquiátrico, tudo muito no início e tentando entender todo esse processo… Tentando mesmo entender o PORQUE dela chegar justo agora, quando não podemos receber visitas meio a uma pandemia de covid-19…
    Mas tenho esperança que ela se vá como foi a sua, se vá para longe e que de lá não mande mais notícias/sinais.
    Um imenso abraço e obrigado pelo seu texto. Felicidades 🙂

    F.

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