Estou escrevendo isso no meio da aula de química – graças a deus meu vestibular não exige química – do meu lado tem uma apostila de 900 páginas. Entendo que é um resumo de tudo, mas 900 PAGINAS? Elas estão me olhando, me julgando. Enfim, durante essa época do ano é muito comum ver posts e artigos na internet que falem sobre processos seletivos de universidades, editais, vídeos aula e, o meu favorito, vídeos de como chutar em uma prova de múltipla escolha. Não me julguem, o Enem é essa semana, aposto que você vai procurar esse vídeo no Youtube. E mesmo que eu, Giovanna, não vá prestar Enem, eu vou prestar vestibular e esse desespero que você provavelmente está sentindo, eu também estou. Mas por quê? Por que essas provas possuem tanta influência nas nossas vidas?

O Enem é o maior exame vestibular do Brasil e o segundo maior do mundo, atrás somente do exame Gao Kao, da China. Desde que entramos no ensino médio nos preparam para fazer essa prova, com simulados e exercícios diretamente voltados ao Enem. Claro que estudar não é um problema, mas por que somos ensinados desde crianças que a nota que tiramos vai definir nosso futuro? Obviamente, a nota do Enem pode mudar vidas, ajuda a entrar em faculdades federais dar bolças de estudo para quem precisa, prover estudo superior para quem tanto anseia, mas e o efeito negativo que afeta nos vestibulandos?

A saúde mental de jovens e adolescentes tem piorado muito nos últimos anos. Segundo a OMS, 1 em cada 5 adolescentes enfrenta algum problema de saúde mental. Talvez isso acontece por causa das redes sociais e a “importância” de possuir uma imagem que seja agradável e de acordo com os trends do momento, a vontade – que parece mais uma obrigação – de mostra o que estamos fazendo a cada momento acompanhado pelo número de likes que recebemos, que muitas vezes deixamos afetar nossas vidas, como se o número de curtidas que recebemos fosse a coisa mais importante.

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Porém, os números não tem um peso em nossas vidas e consciência somente nas redes sociais. A quantidade de pontos que tiramos ou não tiramos em um simulado, vestibular ou Enem podem afetar muito a nossa saúde mental. Aquele desespero que sentimos uma semana antes da prova – talvez por que não conseguimos absorver todo conhecimento que queríamos – ou o tremor nas pernas que temos durante tal prova. Ou, principalmente, a comparação que fazemos entre nós e aquele estudante maravilhoso da escola ou do cursinho. O ódio que sentimos dessa pessoa que consegue entender todo tipo de matéria. A pessoa que passa pouquíssimas horas estudando e, mesmo assim, consegue tirar uma nota invejável. E, principalmente, aquela pessoa cuja foto está em outdoors fazendo propagandas de cursinhos e escolas com o braço pintado escrito “VUNESP”, “UNESP” “FUVEST”, UNICAMP” ou qualquer outra faculdade que é mais fácil ganhar na loteria do que entrar nelas.

Por que fazemos isso? Nos comparamos com os outros como se o outro fosse perfeito e não possui nenhum defeito. Por que passamos dias inteiros com a cara enfiada em livros em apostilas esperando que uma mágica aconteça e conseguimos entender todas as matérias do edital? Afinal, por que eles colocam todas as matérias possíveis no edital? Como se todo mundo conseguisse – e queira –  ler Os Lusíadas inteiro.

Enfim, o que quero dizer, é que não devemos fazer nada disso. Não devemos nos comparar com outras pessoas. “Sei lá quem passa o dia inteiro no cursinho”, parabéns pra ela mas eu não consigo fazer isso. A maioria das pessoas não consegue fazer isso. E não deveríamos. Cada pessoa tem seu jeito único de estudar. E cada pessoa tem seu limite. Segundo uma pesquisa do Universia Brasil, nós só conseguimos nos concentrar por 90 minutos sem pausa –  eu pessoalmente só consigo 9 minutos. Escrevo essa informação não para te desencorajar a estudar, longe disso. É para alertar que sua saúde mental é tão – ou talvez mais – importante que seu desempenho em uma prova.

Então, quando você for estudar e começar a se sentir dispersa, ou não conseguir se concentrar, pare! Não força por que assim você só vai se prejudicar mais. Para um pouquinho, vai comer algo, vê um vídeo no Youtube, stalkeia alguém no Instagram, escuta baby shark umas 10 vezes (por favor não faça isso), vai fazer um bolo, não me importo, só pare. Não tente fazer algo que você não consegue ou aguenta.

É um fato que durante os últimos meses do ano a ansiedade dos vestibulandos aumenta e tem gente que não aguenta e saí no meio da prova, ou nem conseguiu. Os preparamentos psicológico e acadêmico são igualmente importantes. Não importa o quanto você conhece a matéria se na hora da prova você não tem controle emocional e “da branco” ou você fica muito ansiosa e não consegue organizar seus pensamentos.

Como Eu Superei A Sindrome do Pânico

Por isso, aqui estão algumas dicas de como controlar sua ansiedade e fazer uma boa prova:

  • Se você estiver ansiosa, conte de traz pra frente (na sua cabeça)
  • Recite a letra de uma música (não cante)
  • Faça exercícios de respiração
  • Se não entendeu um exercício, vá para outro e tente depois
  • Comece a prova com uma matéria que você domina
  • Nossa exercícios de exatas, destaque os dados para não perder sua linha de pensamento
  • Na redação, por mais que você não entenda o tema, escreva possíveis argumentos com base do seu conhecimento geral e escolha o mais plausível
  • E principalmente, se acalme, respire.

Não esqueça, não é o fim do mundo não tirar mil na redação ou zera-la. O ENEM não vai a lugar nenhum, tente de novo! Faculdades tem vestibular no meio do ano, tente de novo! O importante é estudar o quanto você consegue e se lembrar que uma nota não determina se você é inteligente ou não, Você não é uma nota.

PS: come algo leve, não seja o idiota que come Doritos no meio da prova, chegue uma hora mais cedo, não esquece da caneta azul transparente e RESPIRE.

Agora, me dá licença que ainda estou na aula de química.

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